- IGREJA DA INGLATERRA
- ·
igreja nacional do Reino Unido
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A Igreja da Inglaterra (em inglês: Church of England) é
a Igreja nacional oficialmente
na Inglaterra,[ 5 ] a
matriz principal da atual Comunhão Anglicana inglesa, bem como
é membra-fundadora dessa Comunhão. A Igreja inglesa
traçou sua história na Igreja cristã existente na província romana da Grã-Bretanha
no século III, e para a obra missionária gregoriana do século VI a Kent liderada
por Agostinho da Cantuária.[ 6 ] [ 7 ] Fora
da Inglaterra, a Igreja Anglicana é geralmente denominada de Igreja Episcopal, principalmente
nos Estados Unidos e em países da América Latina. O termo Anglicano tem
origem na expressão latina Ecclesia Anglicana, e que
significa Igreja Inglesa ou Igreja da Inglaterra.
A Igreja Inglesa renunciou à autoridade papal e voltou a ser independente de Roma através do Ato de Supremacia em 1534, voltou à comunhão
com Roma durante o reinado de Maria I e renunciou à autoridade papal
novamente em 1558 no segundo ato de supremacia, iniciando uma série de eventos
conhecidos como a Reforma Inglesa, o que gerou uma grande disputa entre os
líderes e assim polarizando o cristianismo inglês e quiçá mundial.[
A Reforma Inglesa subsequentemente foi
fortalecida pelos regentes de Eduardo VI, precedendo uma
restauração católica promovida por Maria I.[ 9 ] [ 10 ] Contudo,
o Ato de Supremacia de 1559 promulgou
no reinado de Isabel I renunciou à autoridade papal e
permitiu que a igreja adotasse uma posição ambígua de liturgia católica e teologia reformada.[ 11 ]
Na fase anterior da Reforma Inglesa haviam mártires católicos e mártires protestantes radicais. As fases
posteriores viram como Leis Penais punirem protestantes, católicos romanos e
não conformistas.[ 12 ] No século
XVII, os puritanos e presbiterianos continuaram a desafiar a liderança
da Igreja que, sob os Stuarts,
se inclinava para uma interpretação mais católica do assentamento Elizabetano
especialmente sob o Arcebispo
Laud e a ascensão do conceito de anglicanismo como
Via Média. Após a vitória dos parlamentares, o Livro de Oração foi abolido e os
presbiterianos e independentes dominaram. A Restauração de 1660 restaurou a
Igreja da Inglaterra, o episcopado e o Livro de Oração.[ 13 ] Somente
com o reconhecimento papal da coroação do Rei Jorge III, em 1766, acarretou
uma maior tolerância religiosa na Inglaterra.
Desde a Reforma Inglesa, a Igreja da Inglaterra tem
desenvolvido sua liturgia em língua inglesa. A igreja abriga diferentes ramos
doutrinários, sendo os três principais os seguintes: Anglocatolicismo, Evangelicalismo e Igreja geral. Ao expor entre
tais grupos teológicos dentro da mesma denominação religiosa, giramos em torno
de temas controversos como, especialmente, ordenação feminina ao ministério e homoafetivos..
A estrutura de governo eclesiástico anglicano tem
como unidade básica a diocese, cada uma presidida por um bispo; sendo que cada
diocese abriga algumas paróquias locais. O Arcebispo da Cantuária é o Primaz de toda a Comunhão Anglicana,
liderando a Igreja da Inglaterra e atuando com foco na unidade da mesma e para
com a Comunhão Anglicana. O Monarca Britânico, por sua vez,
é o Governador Supremo da Igreja
de Inglaterra. Na sua estrutura legislativa, a Igreja é regida pelo
Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra, sendo esta composta por bispos, clérigos
e leigos, e regularizada pelo Parlamento do Reino Unido.[ 14 ] [ 15 ]
História
Cristianismo na
Grã-Bretanha
De acordo com a tradição, o cristianismo chegou
à Grã-Bretanha no século II, durante o qual o sul
da Grã-Bretanha tornou-se parte do Império Romano. Uma evidência histórica mais
antiga do cristianismo entre os bretões nativos é encontrada
em escritos de pais cristãos primitivos como Tertuliano e Orígenes nos
primeiros anos do século III. Três bispos britânicos de uma Igreja que
existia na Inglaterra sem o conhecimento do papa, foram apresentados no Conselho de Arles em 314.[ 16 ] Outros
participantes do Concílio de Sárdica em 347 e o de Ariminum
em 360, e uma série de referências a uma igreja cristã na Grã-Bretanha descobertas são nos escritos dos pais cristãos do século
IV. A Grã-Bretanha era a casa de Pelágio,
que se opunha à doutrina do pecado original de Agostinho de Hipona.[ 17 ]
Enquanto o cristianismo foi
estabelecido como a religião dos britânicos na época da invasão anglo-saxã, os
britânicos cristãos fizeram pouco progresso na conversão dos recém-chegados de
seu paganismo nativo. Consequentemente, em 597, o Papa Gregório enviou o deão da Abadia de Santo
André (mais tarde canonizado como Agostinho da Cantuária) de Roma para
evangelizar os anglos. Este evento é conhecido como missão gregoriana e é uma
data que a Igreja da
Inglaterra geralmente marca como o início de sua história formal. Com
a ajuda de cristãos que já existiam em Kent,
Agostinho distribuiu sua igreja na Cantuária, capital do Reino de Kent, e
tornou-se o primeiro da série de arcebispos da Cantuária em 598. Um
arcebispo posterior, o grego Teodoro de Tarso, também contribuiu para a
organização do cristianismo na Inglaterra.
A Igreja da Inglaterra tem existência contínua e oficial (segundo Roma) desde os dias de Santo Agostinho, como arcebispo de Cantuária, como seu líder episcopal. Apesar das várias interrupções da Reforma e da Guerra
Civil Inglesa, a Igreja da
Inglaterra considera-se a mesma igreja formalmente organizada por
Agostinho.[ 18 ]
O Sínodo de Whitby distribuiu a data romana
para a Páscoa e o estilo romano de tonsura monástico na Inglaterra.
Este encontro dos eclesiásticos romanos com bispos locais foi
convocado em 664 no mosteiro de Streonshalh (Streanæshalch), mais tarde
chamado Abadia de Whitby. Foi presidido pelo rei
Oswiu, que não se envolveu no debate, mas tomou a decisão final. A decisão
final foi decidida em favor da tradição romana porque, segundo a
tradição, São Pedro detém as chaves do portão do Céu.[ 19 ]
PERÍODO DA REFORMA
Em 1534, a Igreja inglesa rompeu a comunhão com
Roma por um ato do Parlamento, chamado do Ato de Supremacia, após o papa excomungar o
rei Henrique VIII, da Casa
de Tudor.[ 20 ] Uma
separação teológica foi prenunciada por movimentos dentro da Igreja Inglesa,
como Lolardia, mas a Reforma Inglesa ganhou apoio político quando Henrique VIII quis a anulação de
seu casamento com Catarina de Aragão para que pudesse se
casar com Ana Bolena. O Papa Clemente VII, considerando que o
casamento anterior havia sido celebrado sob uma dispensa papal e considerando
também como o sobrinho de Catarina o imperador Carlos V, que poderia reagir a tal movimento, decidiu a anulação. Em 1533, o Parlamento
aprovou a Lei de Restrição de Apelações, impedindo que casos legais fossem
apelados fora da Inglaterra. Isso permitiu ao Arcebispo de Cantuária anular o
casamento sem se submeter a Roma. Em novembro de 1534, o Ato de Supremacia
aboliu formalmente a autoridade papal e declarou Henrique Chefe Supremo da
Igreja da Inglaterra. Por fim, Henrique, embora teologicamente contrário
ao protestantismo, assumiu a posição de protetor e
chefe supremo da Igreja e do clero inglês para garantir a anulação de seu
casamento.[ 21 ] Henrique
VIII foi excomungado pelo Papa Paulo III.[ 22 ]
Em 1536-1540, Henrique
VIII participou da dissolução dos mosteiros, que controlava grande
parte das terras mais ricas. Ele dissolveu mosteiros, priorados, conventos e
frades na Inglaterra, País de Gales e Irlanda,
apropriou-se de sua renda, desfez-se de seus ativos e providenciou pensões para
os ex-residentes. As propriedades foram vendidas para pagar as guerras.
Bernardo argumenta:
A
dissolução dos mosteiros no final da década de 1530 foi um dos eventos mais
revolucionários da história da Inglaterra.
Haviam quase 900 casas religiosas na Inglaterra,
cerca de 260 para monges, 300 para cônegos regulares, 142 conventos e 183
conventos; cerca de 12.000 pessoas no total, 4.000 monges, 3.000
cônegos, 3.000 frades e 2.000 freiras... a cada 50 homens adultos no país 1
estava em alguma ordem religiosa.[ 23 ]
A REFORMA INGLESA
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O reformador Thomas Cranmer foi o primeiro arcebispo protestante de Canterbury, trabalhou nas reformas doutrinárias e na compilação do Livro de Oração Comum.
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Henrique manteve uma forte preferência pelas
práticas católicas tradicionais e, durante seu reinado, os reformadores protestantes incapazes foram de
fazer muitas mudanças nas práticas da Igreja da
Inglaterra. Sob o reinado de seu filho, o rei Eduardo VI, foram adotadas formas de
entusiasmo mais influenciadas pelos protestantes. Sob a liderança do reformador
e arcebispo de Canterbury, Thomas Cranmer, procedeu-se a uma reforma mais
radical. Um novo padrão de espírito foi previsto no Livro de Oração Comum (1549 e 1552).
Estes foram baseados na liturgia mais antiga, em particular o Livro de Orações
de 1549, mas ambos influenciados por doutrinas protestantes como a justificação
pela fé somente, a exclusão do sacrifício da Missa e a Presença Real entendida
como presença física. Cranmer neste assunto foi próximo da
interpretação calvinista em que ele acreditava que Cristo era
verdadeiro e realmente presente na Eucaristia, mas de uma maneira espiritual.
O Livro de Oração era ambíguo. Em alguns
lugares havia uma declaração suscetível a uma interpretação da Presença Real e
em outros se refere ao 'alimento espiritual' ou os encontros como vistos nos
textos da Oração de Consagração, Oração de Acesso Humilde e as Palavras de
Administração Uma espécie de confissão doutrinária da Igreja Reformada da
Inglaterra foi estabelecida nos Quarenta e dois artigos (posteriormente
revisados para trinta e nove).
A reforma, entretanto, foi interrompida pela morte
do rei. A rainha Maria I, que o sucedeu, devolveu a
Inglaterra novamente à autoridade do papado, encerrando assim a primeira
tentativa de uma Igreja da
Inglaterra independente. Durante seu co-reinado com seu marido, o rei
Filipe, muitos líderes e pessoas comuns foram queimados por sua recusa em
retratar sua fé reformada. Eles são conhecidos como os mártires
marianos e a perseguição levou ao seu apelido de "Bloody Mary",
como é conhecido até hoje.
Maria I também
morreu sem filhos, e por isso coube ao novo reinado de sua meia-irmã, a
rainha Elizabeth I, decidida a direção da
igreja. O acordo elizabetano tentou encontrar um meio-termo entre
o protestantismo radical e o catolicismo romano, a via média (termo
que na verdade só se tornou corrente na década de 1620), como característica
da Igreja
da Inglaterra, uma igreja moderadamente reformada na doutrina,
conforme expresso nos Trinta e Nove Artigos, e enfatizando a
continuidade com as tradições Católica e Apostólica dos pais da Igreja.
Ajoelhar-se reverentemente para receber a comunhão era o traje. O ministério
triplo na Sucessão Apostólica foi suspenso; a continuidade institucional da
Igreja foi preservada sem interrupção (em sua ascensão quase todo o clero tinha
sido ordenado em Ordens Católicas usando o Pontifício Romano) pela consagração de
bispos em Ordens Católicas, embora o caráter da organização tenha sido alterado
pela adoção de algumas doutrinas reformadas, como a simplificação das formas
externas de culto, o abandono das vestes tradicionais e das imagens sacras; a
manutenção do Direito Canônico medieval, Calendário de Santos e Festas as quais
foram decrescentes. Os Quarenta e Dois Artigos foram reduzidos a 39, um dos
quais removeu a reportagem do Papa, e outro, a Rubrica Negra, o que permitia
ajoelhar-se para receber a comunhão, desde que não implicasse a crença na
Presença Real e sugestão de espírito, cujo afastamento anulava o que havia
proibido. A rubrica foi restaurada em 1662, mas a classificação nela referida
referia-se à Presença de Cristo em
seu corpo natural (em vez de uma Presença Real à maneira de um sacramento). Em
parte como resposta a sua excomunhão pelo Papa em 1570, a Rainha publicou as
injunções em 1571, que proibiam que fossem ensinadas qualquer coisa que
"ensinadas pelos pais da Igreja e Bispos
Católicos". A intenção era deixar claro que as doutrinas da Igreja da
Inglaterra estavam em consonância com a fé romana, conforme definido
pelos primeiros Quatro Concílios Ecumênicos e tal ensino subsequente que se
conformava com eles.[ 20 ]
Era uma situação muito peculiar: a Igreja da
Inglaterra era a mesma Instituição em sucessão ininterrupta, mas com uma face
modificada para o mundo. Não tinha muito de um caráter particular próprio até
que a noção de Anglicanismo como uma Via Média distinta entre o Catolicismo e o Protestantismo emergiu muito tarde em seu
reinado e mais claramente durante os reinados dos primeiros Reis Stuart. Na
verdade, o termo Via Média só aparece como tal no início do reinado de Carlos I. A Igreja da Inglaterra foi
estabelecida como igreja (constitucionalmente estabelecida pelo estado com o
Chefe de Estado como seu governador supremo). A natureza exata da relação entre
igreja e estado seria uma fonte de atrito contínuo no próximo século.[ 24 ]
Período Stuart
Durante o próximo século, através dos reinados
de Jaime
I, que tentou a tradução da Bíblia conhecida
como a Versão King James (autorizada a ser usada
nas paróquias, o que não significava que fosse a versão oficial), e Charles
I, culminando na Guerra Civil Inglesa e no Protetorado de
Oliver Cromwell, houve mudanças significativas entre duas facções: os Puritanos
(e outros radicais) que foram reformas protestantes mais abrangentes, e os
clérigos mais conservadores que devem se aproximar das tradicionais e das
práticas católicas. O fracasso das autoridades políticas e eclesiásticas em
submissão às exigências puritanas de reformas mais amplas foi uma das causas
da guerra aberta. Pelos padrões continentais, o nível de violência em relação à
religião não era alto, pois a Guerra Civil era principalmente sobre política,
mas as baixas incluíam o rei Carlos I e
o arcebispo de Canterbury, William Laud
e dezenas de milhares de civis que morreram devido a condições instáveis. Sob a
Commonwealth e o Protetorado da Inglaterra de 1649 a 1660, os bispos foram
destronados e as antigas práticas foram proibidas, e os presbiterianos a
eclesiologia foram introduzidos no lugar do episcopado. Os 39 artigos foram
substituídos pela Confissão de Westminster, o Livro de Oração Comum pelo
Diretório do Culto Público. Apesar disso, cerca de um quarto do clero inglês se
decidiu a se conformar a essa forma de presbiterianismo estatal.
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Grandes reparos foram feitos na Catedral de Canterbury. |
Grandes reparos foram feitos na Catedral de Canterbury após a
Restauração em 1660. Com a Restauração de Carlos II, o Parlamento restaurou a
Igreja da Inglaterra para uma forma não muito distante da versão elisabetana.
Uma diferença era que o ideal de englobar todo o povo da Inglaterra em uma
organização religiosa, tida como certa pelos Tudors, tinha que ser abandonado.
A paisagem religiosa da Inglaterra herdou
sua forma atual, com a igreja exigida anglicana ocupando o meio termo, e os
puritanos e protestantes que discordavam do estabelecimento anglicano tendo que
continuar sua existência fora da igreja nacional ao invés de esforço exercido
ou tentar ganhar controle sobre ela. Um resultado da Restauração foi a
destituição de 2 mil ministros paroquiais que não foram ordenados por bispos na
Sucessão Apostólica ou que foram ordenados por ministros em ordens de
presbíteros. Suspeita oficial e restrições legais até o século XIX.
DOUTRINA
Ver artigo principal: Anglicanismo
 |
- O teólogo Richard Hooker (1554–1600) é uma das figuras mais proeminentes da história anglicana.
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A lei canônica da Igreja de Inglaterra
identifica-se como Sagradas Escrituras como sua fonte
doutrinária. Além disso, a doutrina também deriva dos ensinamentos dos Pais da Igreja e dos concílios ecumênicos
(assim como de seus subsequentes credos ecumênicos), uma vez que em
concordância plena com as Escrituras. Esta doutrina é expressa mais
especificamente através dos Trinta e Nove Artigos de Religião,
do Livro de Oração Comum e do Ordinal -
este último que contém os ritos de ordenação de diáconos, presbíteros e da
consagração episcopal.[ 25 ] Ao
contrário de outras tradições religiosas, a Igreja da Inglaterra não possui uma
linha teológica única considerada como fundadora ou original. Contudo, a
perspectiva de Richard Hooker das Escrituras e da tradição
eclesiástica, são tida ainda hoje como base da identidade Anglicana.[ 26 ]
O perfil doutrinário anglicano tal como se encontra
nos dias atuais resultado em muito da Era Elisabetana, durante o qual perdurou
o estabelecimento de uma certa forma de "via média" entre o
Catolicismo e o Protestantismo. A Igreja da Inglaterra afirma o princípio
recomendado da Reforma Protestante de que as Escrituras
contém todas as idéias e concepções concernentes à Salvação, específicas e definitivas para questões doutrinárias. Os Trinta e Nove Artigos são a única
confissão de fé da Igreja. Apesar de não configurar um sistema doutrinário
completo e fechado, os artigos lançam luz sobre temas de concordância com
o Luteranismo e outras linhas Reformadas, ao mesmo
tempo em que distinguem-o do Catolicismo romano e do Anabatismo.[ 26 ]
A Igreja Anglicana não apenas abarca idéias oriundas da
Reforma Protestante, como também mantém tradições católicas da Igreja Primitiva e pensamentos desenvolvidos
e defendidos ao longo da Era
Patrística, uma vez que em concordância plena com as Escrituras. O
Anglicanismo aceita as estipulações dos quatro primeiros concílios ecumênicos,
incluindo a crença na Trindade e na Encarnação do Verbo (Deus se fez carne - João 1). A Igreja da Inglaterra também preserva a
ordenação e a forma de governo episcopal (governo de Bispos),
conforme desenvolvida pelas primeiras Igrejas da era apostólica (bíblia), e bem depois a igreja de Constantino, a Romana. Algumas considerações são essenciais,
enquanto outras decisões precisam de uma reformulação em consequência à
identidade da Igreja.[ 26 ]
A Igreja da Inglaterra possui, como uma de suas
marcas distintivas, uma "mentalidade ampla e aberta". Esta postura
tolerante permitiu a coexistência de tradições católicas e reformadas, e atualmente até Renovadas. O Anglicanismo, como
um todo, costuma ser entendido como constituído de três cisões: Alta
igreja (ou Anglo-Católica), Baixa igreja (ou Evangélica) e Igrejageral (ou liberal). A alta igreja enfatiza a significância da continuidade com
o catolicismo pré-Reforma, a adesão aos costumes litúrgicos e à natureza
sacerdotal do ministério. Como a nomenclatura sugere, os anglo-católicos mantêm
inúmeras práticas e formas litúrgicas católicas.[ 27 ] A
baixa igreja enfatiza a herança protestante, tanto litúrgica como
teologicamente. Historicamente, a igreja geral tem sido descrita como uma
mediação entre ambas as linhas teológicas, embora voltada para um
protestantismo mais liberal.
LITURGIA
Conforme estabelecido pela Lei Inglesa, a fonte
litúrgica oficial da Igreja da Inglaterra é o Livro de Oração Comum.[ 28 ] Além
deste documento, o Sínodo Geral também legisla para um livro litúrgico moderno,
o Liturgia Comum, publicado desde 2000 e utilizado
alternativamente. Assim como seu antecessor, o Livro Alternativo de Serviço de
1980, este diverge do Livro de Oração Comum por provar uma
gama de serviços alternativos, muitos em linguagem moderna, apesar de não
incluir algumas bases, como por exemplo, a Ordem Dois para Santa Comunhão.
As liturgias são organizadas de acordo com ano e calendário litúrgico.
Os sacramentos do Batismo e
da Eucaristia são considerados necessários para a
Salvação, sendo o pedobatismo amplamente defendido e realizado
regularmente. Já mais avançados em idade, os indivíduos previamente batizados
recebem a Confirmação por um bispo, reafirmando seu
compromisso com a fé cristã e anglicana. A Eucaristia, consagrada pela oração
de ação de graças incluindo as palavras
da instituição proferidas por Jesus
Cristo , é considerada um ato "memorial dos atos redentores de
Cristo, no qual o Cristo se faz efetiva e objetivamente presente pela
fé". [ 29 ]
A utilização de hinos e música na Igreja de
Inglaterra tem sido fortemente modificada ao longo dos séculos. O canto
tradicional vespertino é um marco distintivo da maioria das catedrais. A
entoação de salmos , ainda presente no Anglicanismo, por sua vez, é
uma marca que data de volta aos primórdios da fé cristã inglesa. Durante o
século XVIII, clérigos como Charles
Wesley [ 30 ] introduziram
novos estilos de entusiasmo e hinos poéticos.
Segmentos
Ver artigos principais: Reforma Inglesa e Movimento de Oxford
A Igreja da
Inglaterra compreende-se como "católica" e
"reformada":
· Católica (Alta Igreja) na
medida em que se define como uma parte da Igreja Católica [ 31 ] de
Jesus Cristo, em perfeita e válida continuidade com a Igreja apostólica. Também
se assemelha à Igreja Católica Romana em seus dogmas e
ritos. Surgiu no século
XIX , no Movimento de Oxford , já que a Igreja
Anglicana era totalmente protestante;
Membresia
Dados oficiais do ano de 2005 indicam o número de
25 milhões de anglicanos batizados na Inglaterra e
no País de Gales . [ 34 ] Devido
à sua condição de denominação cristã estabelecida , em
geral, todo cidadão destes países pode contrair matrimônio, batizar seus filhos
ou realizar cerimônias fúnebres em uma paróquia anglicana, independentemente de
serem membros regulares de algumas destas. [ 35 ]
Entre 1890 e 2001, a frequência nas igrejas do
Reino Unido sofreu um forte declínio. Entre 1968 e 1999, a frequência aos
serviços dominicais em paróquias anglicanas praticamente diminuiu, caindo de uma
média de 3,5% para 1,9%. Uma pesquisa publicada em 2008 sugeriu que as taxas de
frequência aos serviços dominicais sofreriam uma queda ainda maior nas próximas
décadas.
Em 2011, a Igreja de Inglaterra publicou
estatísticas demonstrando que 1,7 milhão de pessoas frequentam, pelo menos, um
serviço religioso mensalmente, um padrão que vem sendo suspenso desde o ano
2000; aproximadamente um milhão participa dos serviços dominicais e três
milhões dirigem-se às paróquias para serviços específicos de Natal .
A Igreja também afirma que 30% frequentam os serviços dominicais pelo menos uma
vez ao ano; sendo mais de 40% participantes de casamentos e funerais em suas
paróquias locais. Nacionalmente, a Igreja de Inglaterra batiza uma a cada oito
crianças nascidas anualmente. [ 36 ]
A Igreja de Inglaterra possui 18 mil clérigos
ordenados em atividade e outros 10 mil licenciados. Em 2009, 491 indivíduos
foram indicados ao treinamento para ordenação, a mesma média desde o ano 2000,
e 564 novos clérigos (266 do sexo feminino e 298 do sexo masculino) foram
ordenados. Mais da metade destes ordenados (193 do sexo masculino e 116 do sexo
feminino) foram indicados ao ministério remunerado. [ 37 ] Em
2011, 504 novos clérigos foram ordenados, sendo 264 para ministério remunerado,
e 349 leitores.
Comunhão Anglicana
Ver artigo principal: Comunidade Anglicana
 |
Catedral Anglicana de Santo André, em Tóquio no Japão. |
A Comunhão Anglicana é a terceira
maior comunidade cristã do mundo. Fundada em 1867 em Londres , Inglaterra ,
uma comunidade atualmente tem 85 milhões de membros dentro da Igreja da
Inglaterra e outras igrejas nacionais e regionais em plena comunhão,
fazendo delas uma só igreja no mundo todo. As origens tradicionais das
doutrinas anglicanas estão resumidas nos Trinta e Nove Artigos
(1571). O arcebispo de Canterbury (atualmente Justin
Welby ) na Inglaterra atua como um símbolo de unidade, reconhecido
como primus inter pares ("primeiro entre iguais").
Anglicanos
independentes
A Abadia de Westminster é a igreja mãe da Igreja Anglicana e local de coroação dos monarcas ingleses desde 1066. A imagem representa a grandiosidade e a história da Igreja Anglicana, simbolizando sua importância como instituição religiosa e cultural. A Abadia de Westminster também é um local de culto para anglicanos independentes, que não é autorizado pela autoridade da Igreja da Inglaterra. A imagem demonstra a diversidade e a pluralidade dentro da comunidade anglicana, incluindo aqueles que optam por seguir um caminho religioso independente.
Na segunda metade do século
XIX, por divergências teológicas e pastorais no seio do anglicanismo,
surgiram várias denominações anglicanas independentes, ou continuantes,
principalmente na América do Norte, Austrália e em vários países em
desenvolvimento. Concomitante a estas manifestações, houve em sentido contrário
o aparecimento de "movimentos de convergência", nos quais
protestantes ou católicos (Ex: Velha Igreja Católica) aproximaram-se
do anglicanismo e do catolicismo e buscaram igrejas estabelecidas com doutrinas
e práticas anglicanas. Exemplos disso são a Igreja Católica Apostólica
Carismática[ 38 ] da Comunhão
Internacional da Igreja Episcopal Carismática, a Comunhão
Internacional das Igrejas Episcopais Evangélicas, e a Província Brasileira de Confissão Anglicana (PBCA), Igreja Episcopal Filhos da Promessa (IEFIP).
Estrutura
 |
Dioceses da Igreja da Inglaterra. |
A Monarca Britânica detém o título
constitucional de Governadora Suprema da Igreja da Inglaterra. A lei canônica da Igreja da Inglaterra afirma:
"Reconhecemos a mais excelente Majestade
da Monarca, concorrente de acordo com as leis do Reino, é o mais alto poder abaixo de Deus neste reino, e possui autoridade suprema sobre todos os cidadãos em todas
as instâncias, civis e eclesiásticas".[ 41 ] Na
prática, contudo, este poder é exercido através do Parlamento e do Primeiro-ministro.
A Igreja da Irlanda e a Igreja em Gales separaram-se da Igreja da Inglaterra em 1869[ 42 ] e
1920,[ 43 ] respectivamente,
constituindo igrejas autônomas dentro da Comunhão Anglicana; Na Escócia, a igreja
nacional, Igreja da Escócia, é de confissão presbiteriana, sendo assim, o Anglicanismo no
país é representado pela Igreja Episcopal Escocesa, que
também integra a Comunhão Anglicana.[ 44 ]
Para além da Inglaterra, a jurisdição da Igreja da Inglaterra estende-se até à Ilha
de Man, como Ilhas do Canal e algumas paróquias nos condados
galeses de Flintshire, Monmouthshire, Powys e
Radnorshire, que optaram por não se unir à Igreja de Gales, permanecendo
ligados à Cantuária. As congregações de expatriados no continente compõem
a Diocese de Gibraltar .
A Igreja da Inglaterra é estruturada da seguinte
forma:
·
Paróquia é
o nível mais básico de organização eclesiástica, consistindo em um templo ou
uma comunidade anglicana, apesar de muitos estarem unidos por questões
financeiras. A paróquia é regida por um presbítero que,
por questões históricas e/ou legais, pode ser chamado de reitor.
O pároco divide as encargos da condução da paróquia com o Conselho Paroquial,
que consiste em clérigos e representa leigos eleitos pela congregação. A
Diocese de Gibraltar, conforme citado anteriormente, não está formalmente
dividida em paróquias; assim como há paróquias que não integram nenhuma
diocese. Nas áreas urbanas, há ainda um grande número de capelas particulares
(privadas), construídas principalmente no século
XIX por questões de expansão populacional;
·
Forania é
uma área conduzida pelo Deão Rural. Consiste num grupo de paróquias de um
determinado distrito. O deão rural é geralmente o titular de uma das paróquias
constituintes, que elege seus representantes ao sínodo local. Os membros do
sínodo da forania elegem membros ao sínodo diocesano;
·
Arcediagado é
uma área sob autoridade do arcediago,
sendo em número de sete na Diocese de Gibraltar na Europa;
·
Diocese é
uma área sob jurisdição de um bispo diocesano. Pode haver somente um ou mais bispos
a ele subordinados, geralmente chamados de bispos sufragâneos, que auxiliam o
bispo titular na condução dos assuntos diocesanos. Nas dioceses mais extensas,
é comum a criação de "áreas episcopais", às quais o bispo diocesano
nomeia seus sufragâneos para conduzi-las. Os bispos trabalham com um corpo
eleito de representantes ordenados, conhecido como Sínodo Diocesano, para
condução da diocese. A diocese é subdividida em um número de arcediagados;
·
Província é uma área sob
jurisdição de um arcebispo. Na Igreja da Inglaterra, há somente
dois deles: o Arcebispo da Cantuária e o Arcebispo de Iorque. A província
está subdividida em várias dioceses;
·
Primazia é
a condição de cada Arcebispo da Igreja da Inglaterra, chamado também de
"Primaz de Toda a Inglaterra" (no caso do Arcebispo da Cantuária) e
de "Primaz da Inglaterra" (no caso do Arcebispo de Iorque) ele tem
poderes que se estendem sobre todo o país - como, por exemplo, autoridade para
celebrar matrimônios sem habilitação;
·
Royal
Peculiar, um pequeno número de templos historicamente
associados à Coroa, situando-se além da
hierarquia habitual da Igreja da Inglaterra. São administrados como jurisdições
episcopais especiais.
Primaz
 |
Arcebispo de Cantuária Justin Welby o primaz da Igreja Anglicana. |
O mais tradicional bispo da Igreja de Inglaterra é
o Arcebispo da Cantuária , sendo este
também o metropolita da província do sul da Inglaterra, a Província
da Cantuária . Além disso, detém também o título de Primaz de
Toda Inglaterra . Seu foco é trabalhar para promover a unidade da Igreja
Anglicana e a integração de toda a Comunidade Anglicana . [ 45 ] O
atual Arcebispo da Cantuária é Justin
Welby , confirmado por eleição em 4 de fevereiro de 2013. [ 46 ] [ 47 ]
O segundo bispado mais tradicional é o Arcebispo de Iorque , o metropolita da
província do norte da Inglaterra, a Província de
Iorque . Por razões históricas (relativas ao controle
danês sobre a região), o Arcebispo de Iorque é referido como Primaz da
Inglaterra. O Bispo John
Sentamu foi entronizado Arcebispo de Iorque em 2005. Abaixo destes
dois primazes, o Bispo de Londres , o Bispo de
Durham e o Bispo de Winchester também são considerados os
principais ordenados da Igreja de Inglaterra.
Bispos diocesanos
O processo de nomeação de bispos diocesanos é
complexo, devido a razões históricas que equilibram a posição contra a
democracia, e é tratado pelo Comitê de Nomeações da Coroa que submete nomes ao
Primeiro Ministro (agindo em nome da Coroa) para consideração.
Organismos
representativos
A Igreja da Inglaterra tem um corpo legislativo, o
Sinodo Geral. O Sínodo pode criar dois tipos de legislação, medidas e cânones .
As medidas devem ser aprovadas, mas não podem ser alteradas pelo Parlamento
Britânico antes de receber o Royal Assent e tornar-se parte da lei da
Inglaterra. Embora seja uma igreja estabelecida apenas na
Inglaterra, suas medidas devem ser aprovadas por ambas as Casas do Parlamento ,
incluindo os membros não ingleses. Os Cânones exigem a Licença Real e
o Consentimento Real , mas formam a lei da igreja, ao invés da lei da
terra.
Outra assembleia é a convocação do clero inglês,
que é mais antiga que o Sínodo Geral e seu antecessor, a Assembleia da Igreja.
Na Medida do Governo Sinodo de 1969, quase todas as funções das Convocações
foram essenciais para o Sínodo Geral. Além disso, há sínodos diocesanos e
sínodos decanos, que são os órgãos de governo das divisões da Igreja.
Câmara dos Lordes
Os 42 arcebispos e bispos diocesanos da Igreja da
Inglaterra, 26 estão autorizados a sentar-se na Câmara dos Lordes. Os
arcebispos de Canterbury e York têm
assentos automáticos, assim como os bispos de Londres , Durham e Winchester .
Os 21 lugares são necessários em ordem de antiguidade por consagração. Pode
levar um bispo diocesano vários anos para chegar à Câmara dos Lordes, ponto em
que ele se torne um senhor espiritual. O Bispo de Sodor e o Homem e o Bispo de
Gibraltar na Europa não são elegíveis para se sentarem na Câmara dos Lordes,
pois as suas dioceses situam-se fora do Reino
Unido . [ 48 ]
Dependências da Coroa
Embora não faça parte da Inglaterra ou do Reino
Unido, a Igreja da Inglaterra é também a Igreja estabelecida nas dependências
da Coroa da Ilha de Man , do Bailiado de Jersey e do Bailiado de Guernsey . A Ilha
de Man tem sua própria diocese de Sodor e Man, e o bispo de Sodor e
Man é um membro ex officio do Conselho Legislativo do Tynwald na ilha. As Ilhas Anglo-Normandas fazem parte da
Diocese de Winchester , e em Jersey, o decano de Jersey é um
membro não votante dos Estados de Jersey. Em Guernsey, a Igreja da Inglaterra é
a Igreja estabelecida, embora o decano de Guernsey não seja membro dos Estados
de Guernsey. [ 49 ]
Diretório
on-line da Igreja
A Igreja da Inglaterra apoia A Church Near
You , um diretório on-line de compras. Um recurso editado pelo
usuário, atualmente 16,4 mil igrejas e tem 7 mil editores em 42 dioceses. [ 50 ] O
diretório permite que as paróquias mantenham informações precisas de
localização, contato e eventos, que são compartilhadas com outros sites e aplicativos móveis . Em 2012, o diretório
formou a espinha dorsal de dados do ''Christmas Near You'' [ 51 ] e
em 2014 foi usado para promover a iniciativa da igreja Harvest Near You. [ 52 ]
Anglicanismo
no Brasil
Ver artigos principais: Anglicanismo no
Brasil e Igreja
Episcopal Anglicana do Brasil
A história do anglicanismo no Brasil inicia-se no
século XIX, no contexto da transferência da corte
portuguesa para o Brasil. Em 1810 Portugal e Inglaterra assinaram
o Tratado de Comércio e Navegação,
que permitiu a construção de capelas anglicanas em terras brasileiras, contanto
que elas não tivessem a aparência de templos da igreja romana – não poderiam ter
torres ou sinos – e não buscassem arrebanhar cristãos que já fossem católicos brasileiros.[ 53 ] [ 54 ]
Em meados daquele século, as três principais
cidades brasileiras, que haviam ganhado ainda na década de 1810 cemitérios para a colônia inglesa, já abrigavam templos
anglicanos: em maio de 1822, a primeira capela anglicana do país, a Igreja
de Cristo, foi aberta no Rio de Janeiro; em maio de 1838, houve a
fundação do primeiro templo anglicano no Recife,
uma Igreja da Santíssima Trindade; e em outubro de 1853, foi
inaugurada a capela da Igreja de São Jorge em Salvador.[ 53 ] [ 55 ] [ 56 ] Surgiram
ainda capelas anglicanas em Nova
Lima e Mariana, em Minas
Gerais, cidades que liberaram colônias britânicas devido à
exploração das minas de Morro
Velho e da Passagem por empresas inglesas.[ 57 ] Uma das províncias anglicanas antigas no Brasil é a Igreja Episcopal Anglicana do
Brasil.